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Cannes Lions

20 A 24 DE JUNHO DE 2022

Reese Witherspoon e o propósito no audiovisual

Atriz e fundadora da Hello Sunshine reflete sobre como movimentos sociais tem impactado o cinema e a televisão

Thaís Monteiro
23 de junho de 2021 - 18h38

Por volta de 2011, mesmo com a carreira já consolidada na indústria do cinema, Reese Witherspoon estava recebendo cada vez menos roteiros e, aqueles que recebia, tinham mulheres protagonistas com a narrativa à serviço do protagonista masculino. Questionando essa situação para sua agente, a representante comunicou que haviam diversas atrizes mulheres em busca desses papéis. Ao perceber o quão problemático é não ter protagonistas, histórias contadas por mulheres e para mulheres, a atriz decidiu advogar pela causa ao fundar sua própria produtora que, posteriormente virou uma empresa multimídia, a Hello Sunshine, em 2016. Este ano, o The New York Times nomeou a empresa como uma das 100 companhias mais influentes.

(Crédito: Reprodução/Cannes Lions)

Hoje, a Hello Sunshine é conhecida por séries renomadas, como Big Little Lies, Little Fires Everywhere, The Morning Show, podcasts, um clube do livro da atriz fundadora e parceria com outras produtoras e diferentes marcas. O negócio tem aspirações grandes, por isso Reese trabalha o lado criativo enquanto sua CEO, Sarah Harden, trabalha a parte rentável e escalável da empresa. Por ora, Reese afirma que as plataformas de streamings e possibilidades de publicar conteúdo na internet permitiu que muitos dos projetos virassem realidade. Além disso, a proposta multimídia da Hello Sunshine visa encontrar as mulheres onde elas estão, tendo em vista que Reese percebeu um movimento maior das mulheres usarem a internet para se expressar nos últimos anos.

“Eu passei 30 anos aprendendo o que as audiências queriam ou não ver, como eles querem receber informações. Elas querem ser divertidas e também que comtemple o que eles sentem. Big Little Lies tem isso: fala de violência doméstica enquanto conta história de amigas que não sabem da situação. Little Fires Everywhere fala sobre família, mas também o racismo nos anos 1990. As mulheres querem produções que tenham um impacto significativo e adresse os problemas que estão correndo na sua mente”, explicou em entrevista ao chairman e CEO da Medialink, Michael Kassan. Segundo a atriz, sete anos atrás os mesmos projetos colocados no ar pela Hello Sunshine estavam sendo negados em reuniões com empresas da indústria.

As tramas foram criadas após os movimentos feministas dos últimos anos, como o #MeToo, mas Witherspoon acredita que as tramas podem representar uma segunda onda, contada no audiovisual. Além disso, ela afirmou que os movimentos sociais levantados no último ano, principalmente o Black Lives Matter, dá combustível para as produtoras introduzirem essas pautas mais frequentemente e da forma mais autêntica nos trabalhos. A própria Hello Sunshine tem mais projetos em andamento sobre racismo.

“Temos que olhar para as barreiras que tiveram negando o acesso de muitas pessoas e o mundo tem respondido. São momentos de equalizar. Toda voz importa e consumidores estão ficando mais espertos sobre as marcas e empresas. Na verdade, eles não estão ficando espertos, eles são espertos. Eles sabem a parte ética por trás dos nossos negócios e sabem quando uma empresa tem uma missão ou não”, indicou.

Hoje, Reese considera que é mais reconhecida pelo seu trabalho na Hello Sunshine e o que isso implica para a narrativa feminina do que enquanto atriz, mas também quer que a Hello Sunshine seja uma empresa que tenha um significado para além da sua presença lá. Segundo ela, a marca quer ser um sinônimo de qualidade e curadoria. “Hoje eu entro em um streaming e são tantas coisas. Eu acho importante a gente oferecer curadoria para as pessoas. Queremos ser um padrão de qualidade, diversão, humor e otimismo. Eu leio tantos livros para selecionar os 12 que serão apresentados no clube do livro. Somos mais focados em qualidade do que quantidade”, explicou.

Apesar de ter entre seus pilares ser uma empresa que conta histórias escritas por mulheres, para mulheres e contadas por mulheres, Reese diz que há diversos homens e contempla diversidade na produção das histórias e reconhece que elas também impactam homens, o que considera importante. “É tão importante que homens adotem essas ideias porque para chegar num mundo equalitário, é preciso que todos estejamos num espectro mais realístico de conteúdo”, disse. Ainda assim, ressaltou que histórias sobre mulheres tem sido escritas por homens há anos. “Há muitas perspectivas sobre como é andar no mundo e é essa conexão autentica que as audiências querem”, apontou.

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