Bárbara Sacchitiello
24 de junho de 2022 - 4h55

Conquistar um Grand Prix, o principal troféu de cada categoria do Cannes Lions é o feito máximo – e árduo – para as agências e anunciantes que inscrevem seus trabalhos a cada ano no Cannes Lions. Do shortlist ao GP, há um caminho longo a percorrer que passa pela análise criterioso de cada um dos jurados e, posteriormente, do consenso de que, entre tantas, aquela é a melhor ideia do ano.

Em 2022, três trabalhos – até o quarto dia do Festival – conseguiram esse feito mais de uma vez. Cases da Índia, Reino Unido e da Bélgica conquistaram mais de um Grand, entregues por diferentes categorias.

O mais vitorioso até o momento é “The Unfiltered History”, criado pela Dentsu Índia para a Vice Media, que aliou tecnologia a uma espécie de resgate histórico. A ideia do case era atrair mais pessoas, sobretudo o público jovem, para o Museu Britânico. Para isso, a agência e a publicação criaram um roteiro diferente: por meio de um aplicativo, o visitante do local conhecia as peças e artefatos expostos que foram roubados de alguns dos países colonizados pela Inglaterra.

Um dos pontos mais curiosos do case, e citado pelos júris, foi o fato de o case ter buscado vozes de nativos da Índia, Austrália e de outros territórios colonizados pela Inglaterra para explicarem a origem daquela peça, com o ponto de vista dos povos colonizados. A campanha conquistou Grand Prix nas categorias Radio & Audio, Brand Experience & Activaction e “Social & Influencer”.

Ajudar a restaurar a vida marinha e, com isso, recuperar o ecossistema do planeta é o objetivo do case “Hope Reef”, criado pela AMV BBDO, de Londres, para a marca de ração e alimentos para gatos Sheba. A empresa se propôs a restaurar corais em oceanos de várias partes do mundo, iniciando pela Indonésia. No local, a marca e agência fizeram um estudo do ecossistema e criaram um ambiente favorável ao ressurgimento das espécies. Assim que o coral renasceu, naturalmente, ele formou a palavra Hope (esperança, em inglês), que pode ser vista pelo Google Earth. A meta da companhia é realizar outras restaurações de corais pelo mundo até 2029. A peça foi premiada nas categorias “Industry Craft” e “Media”.

A ressoacialização de prisioneiros por meio do esporte é uma ideia até já vista, mas o júri do Cannes Lions celebrou a forma como a BBDO da Bélgica e a Decathlon propuseram o case “The Breakway”. Durante a pandemia, a rede de artigos esportes criou um campeonato virtual de ciclismo indoor, com times formados por homens que cumprem sentença em uma das prisões do País. Do lado de fora, as pessoas poderiam se engajar, torcer e até competir pelos atletas virtuais. A ideia conquistou Grand Prix nas categorias PR e Creative Strategy.