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Cannes Lions

20 A 24 DE JUNHO DE 2022

Siga o talento

No mundo da publicidade e da comunicação, os desafios estão cada vez maiores.As pessoas entenderem o que algumas das empresas que mais crescem e lucram no mundo fazem e qual é o seu posicionamento diante das grandes questões do universo


23 de junho de 2022 - 14h53

O Cannes Lions é, de fato, onde boa parte do talento da indústria publicitária se encontra. Em 2022, a multidão de criativos, estrategistas e produtores de grandes ideias voltou a colorir a Croisette depois de dois anos de festival em versão apenas virtual. Mas, quem vê as ruas, estandes e espaços de descontração lotados, possivelmente não conseguirá enxergar a fuga de talentos da publicidade para outras áreas.

Ryan Roslansky, CEO do Linkedin, subiu ao palco do Palais para falar justamente da importância que a comunicação tem para a inovação e para dar um alerta: 2021 registrou uma fuga de talentos sem precedentes na indústria publicitária.

Obviamente, vários fatores podem ser elencados para explicar esse fenômeno que vai desde questões filosóficas como a facilidade da Geração Z de mudar de emprego e o desejo (potencializado pela pandemia) de fazer algo significativo com a própria vida até a dura realidade: outros setores vem se mostrando mais atraentes para os talentos.

Seriam mais atraentes pelas possibilidades que eles oferecem de evolução? Ou a atratividade está na remuneração, já que os salários estratosféricos da publicidade viraram exceção nesse nosso século? Ou será a falta de bons desafios para estimular os profissionais?

No mundo da publicidade e da comunicação, os desafios estão cada vez maiores. Se antes a dificuldade era fazer com que as pessoas entendessem qual sabão em pó lava mais branco ou qual marca de carro dava mais status, hoje, o desafio está em fazer as pessoas entenderem o que algumas das empresas que mais crescem e lucram no mundo fazem e qual é o seu posicionamento diante das grandes questões do universo.

Roslansky, que do alto do LinkedIn tem visão privilegiada sobre como as pessoas se movimentam na vida profissional, destacou que players de tecnologia como Block, Salesforce e Servicenow precisam de pessoas que sejam capazes de traduzir suas propostas de valor, diferenciais e posicionamentos para o grande público.

Outra maneira de interpretar essa fala é: as empresas que mais crescem financeiramente não têm valorização de marca e poder de influência social proporcional ao seu sucesso. Ou seja, precisam desesperadamente de talentos criativos para comunicar o que são e a que vieram.

Este ano, o festival lançou a premiação de B2B, o que me parece uma resposta para a importância de trabalhar campanhas de marca e posicionamento para empresas que vendem para outras empresas. A publicidade tem sido focada em B2C, business to consumer, mas isso tem que evoluir.

É preciso que empresas como Servicenow, que tem o valor de mercado de Ford e Ferrari somados, existam enquanto marcas para o grande público. Na Mynd, entre várias outras disciplinas, fazemos marketing de influência e, por isso, posso afirmar por experiência: só é influente quem se comunica, quem se posiciona, quem compartilha o que faz e quem constrói uma relação de empatia com a sociedade.

A evolução do mercado para cuidar das marcas de empresas que não vendem para o consumidor final é uma grande chance para o ganha-ganha de vários stakeholders. Não só as empresas B2B valorizam suas marcas, como as agências de publicidade ganham oportunidades de negócios, e os talentos podem deixar a sua marca na história, vencer os desafios de comunicação mais radicais dos nossos tempos e, com isso, continuar o processo de desgaste dos degraus para o palco do Palais durante a distribuição de leões e Grand Prix e garantir que muita gente feliz mostre seus sorrisos na orla de Cannes.

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