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Cannes Lions

20 A 24 DE JUNHO DE 2022

Lupita: “Forçar a barra na diversidade é tão desconfortável quanto ignorá-la”

Atriz, autora e, em breve, podcaster Lupita Nyong'o dividiu com Cannes Lions como endereçar a diversidade e opinou sobre o potencial das redes sociais

Thaís Monteiro
23 de junho de 2022 - 6h00

“Eu acho que a coisa importante ao fazer marketing para pessoas com backgrounds diversos é reconhecer que eles não são um monumento. É importante reconhecer que não há separação entre diversidade e o mainstream — bloco diverso é a maioria — como se esse demográfico precisasse ser tratado de forma diversa. É importante engajar as pessoas de cujo background você está tentando alcançar seja qual for sua inovação, porque eles fazem melhor. E uma coisa sobre a qual eu realmente me importo é que uma ênfase exagerada na diversidade é tão desconfortável para mim quanto ignorar isso. É importante não só indicar e nomear as coisas, como normalizá-las, porque eu não passo o dia pensando na minha diversidade. Eu tenho minha perspectiva humana e eu aprecio quando minha humanidade não é tirada da representação do meu demográfico”.

Essa foi a fala de Lupita Nyong’o, atriz ganhadora do Oscar por Doze Anos de Escravidão, autora e embaixadora da marca Miu Miu, no Cannes Lions deste ano ao responder como agências e marcas deveriam lidar com diversidade. Além de argumentar contra a diversidade estereotipada e forçada, a artista lembrou que a inclusão de artistas negros na direção tem sido rentável desde os primeiros filmes dirigidos e feitos com um cast preto.

Lupita faz parte da franquia Pantera Negra (Crédito: Celina Filgueiras)

O sucesso de Pantera Negra, franquia da Marvel da qual faz parte, foi, para ela, uma prova clara de que a indústria cinematográfica não vem prestando atenção aos seus pressupostos de que diversidade não é rentável. “Quando o filme saiu, Hollywood percebeu que filmes desenvolvidos por artistas pretos são fonte de dinheiro global. Isso foi uma epifania. Mas isso aconteceu antes, como no filme Coming to America, de 1998. Mesmo antes disso. Essa ideia de que não vende não é verdade”, argumentou. Sua meta de vida é contar histórias que não foram contadas e inspiracionais.

Além de atriz, Lupita é ativa nas suas redes sociais. Usa recursos visuais dos filmes que participa para promover o longa, publica selfies e montagens diversas. Para ela, a linha entre onde a história de um filme começa e onde ela termina é embaçada e por isso ela aproveita das redes para continuar o storytelling dos projetos que participa. “Eu gosto da acessibilidade ao público”, descreveu. Seu critério para publicar algo nas suas plataformas é ter uma de três perguntas respondidas afirmativamente: se é verdadeiro, se é engraçado e se é bonito.

Na sua opinião, as redes sociais tornaram as ferramentas acessíveis para que todos tenham uma voz e essas vozes não sejam ignoradas. “Eu acho imperativo que sejamos abertos a uma multitude de histórias. Humanos são os únicos animais que contam histórias, nos torna poderosos. Por que alguns podem ter mais jeito de contar histórias e outros não? As redes sociais estão destruindo os limites arbitrários do storytelling”, afirmou.

Recentemente, Liputa se aventurou por outros formatos, como o livro Sulwe, sobre colorismo na infância. “Temos que levar a mensagem [de que crianças pretas são lindas] antes mesmo das crianças entenderem o ódio que eles podem receber”, disse. E anunciou que tem a intenção de se aventurar no território dos podcasts.

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