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Fuga de talentos? É preciso segui-los

Ryan Roslansky, CEO do Linkedin, aponta um caminho para a indústria publicitária reverter a perda de talentos: investir na construção de marca dos players de tecnologia

Isabella Lessa
21 de junho de 2022 - 13h18

Ryan Roslansky, CEO do LinkedIn: indústria publicitária precisa traduzir conceitos de produtos que as pessoas ainda desconhecem (Crédito: Isabella Lessa)

Em 1773, James Watt desenvolveu uma máquina a vapor que drenava água mais rápido das minas do que os cavalos. Os mineiros não entenderam essa invenção de primeira e preferiram continuar a usar os animais para essa função. Então o engenheiro teve a ideia de traduzir o conceito para “horse-power” (cavalo), que acabou se tornando o nome uma unidade de medida de potência.

Ao mudar a linguagem Watt conseguiu fazer os trabalhadores das minas a entender a promessa da máquina. “Ele entendeu que a nova tecnologia precisa fazer uma promessa – é mais fácil convencer as pessoas a usá-las. Horsepower foi uma promessa tão grande e fácil de entender que deu origem à Revolução Industrial”, disse Ryan Roslansky, CEO do Linkedin.

Com essa introdução, o executivo quis enfatizar que o diferencial de uma marca está na combinação entre inovação e promessa, assim como fez séculos depois a Apple com o iPod. Tocadores de mp3 já existiam há uma década quando a marca lançou o seu próprio device, lembrou ele. O que fez a diferença, porém, foi vender o discurso de que mais de mil canções caberiam no espaço de um bolso.

O intuito de Roslansky não era necessariamente falar de inovação e discursos poderosos, mas da luta da indústria publicitária por talentos. Dados do próprio LinkedIn comprovam, de acordo com o CEO, que há de fato uma fuga de talentos sem precedentes na indústria publicitária, especialmente em 2021. A Geração Z é que muda de empregos mais facilmente e com mais frequência, mas ele ressaltou que este comportamento antecede a pandemia.

“Essa geração acha que está tudo bem em mudar com frequência de emprego, principalmente se não estão inspirados. Inspirar essa geração será crucial para o futuro da publicidade”, afirmou.

E isso leva ao começo da história sobre como Watts vendeu a máquina de vapor aos mineiros: se historicamente as pessoas escolhiam trabalhar com publicidade para construir marcas icônicas, hoje a promessa da transformação digital pesa mais. Então a solução é descobrir produtos que as pessoas ainda desconhecem – e esses produtos, segundo ele, não estão mais em empresas como Nike, McDonald’s e Apple, mas em players de tecnologia como Block, Salesforce e Servicenow

“Achamos que conseguimos reconhecer uma marca cool. Mas os vencedores olham para outras direções que nem imaginamos. Os vencedores de hoje não vendem batatas fritas ou tênis, mas silenciosamente redesenham o modo como consumimos. Você pode não ter ouvido falar na Servicenow, mas é uma empresa que faz muitos processos para que a gente tenha um pouco da nossa vida de volta. O valor de mercado dela é que o de Ford e Ferrari combinados”, disse.

Roslansky defende, portanto, que o crescimento virá dessas empresas de tecnologia que ainda não sabem que precisam dos serviços da publicidade, mas que estão cada vez mais atraindo os talentos da indústria publicitária.

“Essas são companhias que precisam construir empatia, relações com as pessoas. O B2B é onde está a oportunidade para a publicidade. Os últimos anos foram sobre o ingresso da tecnologia na publicidade, mas acho que é preciso usar os skills da criatividade para contar histórias sobre sistemas de trabalho, da nuvem e cibersegurança – assuntos que afetam a vida de milhões de pessoas ao redor do mundo”.

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