Cannes Lions
20 A 24 DE JUNHO DE 2022
20 A 24 DE JUNHO DE 2022
Em novo protesto, ativistas fantasiados de cachorros tentam acessar o festival; polícia cerca o local do evento
Bárbara Sacchitiello
23 de junho de 2022 - 6h18
Em um novo protesto para chamar a atenção para a campanha #BanFossilAds, o Greenpeace virou o centro das atenções na manhã desta quinta-feira, 23, no Cannes Lions.
Ativistas da organização, fantasiados do cachorro que ficou famoso pelo meme “This is fine”, fizeram uso de um guindaste e se posicionaram no alto do Palais des Festivals, local onde acontece o Cannes Lions, pelo lado de fora.
Enquanto os manifestantes fantasiados estavam no alto do guindaste, na sua, outros ativistas distribuíam panfletos e explicavam o objetivo da campanha #BanFossilAds, que pede o fim da publicidade de empresas que utilizam combustíveis fósseis, como as fabricantes de veículos e companhias aéreas.
“Estamos aqui em Cannes porque é onde estão as maiores empresas e agências criativas do mundo. Geralmente vemos campanhas e ações publicitárias dessas empresas mostrando paisagens bonitas e famílias felizes, mas isso não corresponde à realidade, já que são companhias que estão poluindo o planeta”, explicou Silvia Pastorelli, ativista do Greenpeace, em conversa com a reportagem de Meio & Mensagem.
Silvia reconhece que a luta do Greenpeace é árdua pelo fato de as companhias aéreas, automobilísticas serem empresas poderosas, além de grandes anunciantes. “Mas penso que tínhamos a mesma sensação em relação à indústria do cigarro: há mais de 20 anos, pensar na interrupção da publicidade de cigarros era algo impossível. Hoje, já vimos isso de maneira natural. Não é porque nos acostumamos a ver esse tipo de publicidade que não temos de questioná-las e fazer algo para que isso mude”, complementou a ativista.
O Greenpeace quer utilizar o encontro global da criatividade para coletar mais assinaturas de sua petição, que pede uma lei que proíba a publicidade de combustíveis fósseis em toda a Europa. Silvia relata que a Comissão Europeia tem a obrigação de analisar as petições públicas que reúnem mais de 1 milhão de assinaturas. Até o momento, pouco mais de 228 mil pessoas assinaram a petição. A meta do Greenpeace é coletar e até superar esse número de assinaturas até outubro.
Botes, palco e polícia
Essa ‘invasão’ da manhã de quinta-feira foi mais um dos protestos que o Greenpeace vem fazendo ao redor do Cannes Lions ao longo da semana. Nessa quarta-feira, 22, ativistas utilizaram botes infláveis e, pelo mar, invadiram um evento da VMLY&R, do grupo WPP, na orla, local utilizado pelas marcas participantes do Festival para ativações, encontros e festas.
Antes disso, no primeiro dia da premiação, Gustav Martner, atual head de criatividade do Greenpeace, subiu ao palco, pediu a palavra e disse que estava ali para devolver um Leão que havia ganhado anos antes, quando trabalhava como criativo, em uma agência de publicidade e fez um discurso, destacando que não é possível pensar em prêmios “em um planeta morto”.
O protesto desta quinta-feira, 23, foi acompanhado pela polícia, que não interferiu para remover os ativistas do local, mas fechou o trânsito da avenida principal, que dá acesso ao Palais des Festivals. A reportagem presenciou os policiais conversando e até retirando cartazes de alguns ativistas, mas outros membros do Greenpeace seguiam distribuindo panfletos livremente. “A polícia está aqui, mas não estamos fazendo nada errado. Todos os protestos do Greenpeace são totalmente pacíficos e sem uso de qualquer tipo de violência. Queremos apenas chamar a atenção para a mensagem”, finalizou Silvia.
Alguns minutos depois do início do protesto, quando os manifestantes ainda estavam na frente do Palais, durante a coletiva de divulgação dos resultados dos prêmios do dia, Simon Cook, presidente do Cannes Lions, foi questionado sobre as atitudes do Greenpeace por um jornalista. “Não estava lá no momento, então não posso comentar o assunto”, declarou.
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