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Cannes Lions

20 A 24 DE JUNHO DE 2022


23 de junho de 2022 - 12h44

Foi evocando suas idas à igreja na infância que Bozoma Saint John começou o seu talk. Em menos de um minuto, a sua energia deixou todo mundo inquieto. A única imagem que ela mostrou ao longo de sua apresentação foi uma coleção de manchetes marcando suas várias mudanças ao longo da carreira. E o seu recado era sobre isso.

Mudar de emprego muitas vezes é tratado de maneira simplória, levando em consideração apenas questões como qual lugar vai te oferecer o melhor salário, oportunidades, perspectivas e reconhecimento.

Tem um elemento que as pessoas não costumam conversar abertamente e é tão fundamental quanto todos os outros: a felicidade.

Bozoma nos provocou a pensar na nossa felicidade no trabalho de maneira direta e reta. Um sentimento que dificilmente trazemos pra mesa na hora de negociar um novo emprego, como se isso estivesse dissociado do mundo corporativo e fizesse parte apenas da nossa vida pessoal. Ao contrário do que a série Ruptura retrata em sua realidade paralela onde consciências e memórias são divididas entre trabalho e casa, na vida real é bem diferente.

Venho de uma geração em que fui ensinado a agradecer o fato de ter um emprego. E é claro que dentro do contexto da nossa sociedade desigual, isso tem uma dolorosa dose de verdade e precisa
ser levado em consideração. No entanto, também traz uma submissão mascarada de oportunidade. De alguma maneira, esse tipo de cultura enraizada nos faz pensar que não temos o direito de questionar, de escolher, ou, de simplesmente, mudar. Temos que tolerar,
aceitar, agradecer.

O discurso dela foi enfático: se você não está feliz, mude. Peço licença aqui para fazer a minha interpretação desse convite à mudança. A mudança não significa necessariamente mudar de empresa, também pode significar mudar a própria empresa ou a sua relação com ela.

Todos conhecemos histórias inspiradoras de pessoas que revolucionaram um negócio, um produto, uma sociedade ou o mundo. Mas, dificilmente, nos colocamos como agentes dessa transformação, esperando que alguém construa a empresa que está nos nossos sonhos.

Acontece que ninguém vai trabalhar em função dos nossos sonhos, senão nós mesmos. E por mais difícil que seja nos posicionarmos num ambiente profissional, é nossa responsabilidade lutar por
aquilo que nos fará felizes no trabalho.

Pessoas felizes fazem um trabalho melhor e isso faz os clientes felizes. Não dá pra fazer alguém feliz antes de sermos felizes, nem na vida pessoal, nem na profissional. É uma questão de negócio.
Bozama foi além, profetizou que pessoas mais felizes no trabalho farão uma sociedade melhor. Oremos.

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