20 de junho de 2022 - 11h20

O Festival Internacional de Criatividade, também conhecido como Cannes Lions é o maior festival da comunicação publicitária no mundo. O evento segue há 68 anos reafirmando sua importância para o crescimento dos negócios e da criatividade na indústria.

Além disso, em 2022 isso ganha mais significado. Após dois anos “sem” programação presencial, vejo essa edição como muito aguardada pela comunidade: é o primeiro evento “pós-pandemia” em que a liderança global de marketing e criatividade vai se reunir.

E há razões para essa ansiedade.

Participo do Cannes Lions desde 2009, quando o mundo era outro. Se o mundo de 2019 não conhecia nem a Covid, imagina o de 2009, e o quanto tudo mudou desde então.

O próprio festival tem sido revirado anualmente. Ele foi ficando mais tecnológico, reflexo de certa forma do SXSW, outro evento que também acompanho desde 2009 e que foi atraindo um público mais sênior durante esse período. Essa convergência e complementaridade entre os dois festivais me leva a acreditar que não vale escolher um OU o outro, mas um E o outro.

Interessante também notar sobre essa edição que a programação foi pautada em anseios bastante atuais do mercado. A organização do festival fez uma pesquisa com 3,3 mil profissionais de marketing e criativos de diversos países. A partir disso, o relatório “Lions’ State of Creativity Study” mapeou seis áreas prioritárias: crise de talentos; diversidade, equidade e inclusão; sustentabilidade; dados, tecnologia e inovação; transformação dos negócios; e efetividade criativa.

Na agenda de conteúdo separei alguns destaques:

1 – Muitos CMOs no palco: entre os confirmados estão profissionais como Todd Kaplan (Pepsi), David Rubin (The New York Times), Morgan Flatley (McDonald’s), DJ van Hameren (Nike), Vicky Free (Adidas), Asmita Dubey (L’Oreal), Cristina Diezhandino (Diageo), Ukonwa Ojo (Amazon Prime Video e Studios), Alessandro Manfredi (Dove), Manolo Arroyo (The Coca-Cola Company), Kathe Jhaveri (NBA), Dario Gargiulo (Bottega Veneta), Julia Goldin (The Lego Group), Raja Rajamannar (Mastercard), Michelle St. Jacques (Molson Coors), Najoh Tita-Reid (Logitech), Dara Treseder (Peloton), Sumit Virmani (Infosys), Angela Zepeda (Hyundai Motor America), Nadja Bellan-White (VICE Media Group), Benjamin Braum (Samsung Europe), Claudine Cheever (Amazon) e Anne Krogh (Ikea DK), além dos brasileiros Patricia Corsi (Bayer Consumer Health), Fernando Machado (Activision Blizzard) e Marcel Marcondes (Anheuser-Busch InBev).

2 – Ryan Roslansky, CEO do LinkedIn: na palestra “De volta ao futuro criativo – a luta por grandes talentos”, ele falará sobre um desafio que todos enfrentamos: a guerra por bons profissionais.

3 – Gary Vaynerchuck, CEO da VaynerX e VaynerMedia: acompanhando um dos assuntos mais comentados nos últimos meses, o executivo falará sobre NFT e o cenário dos tokens, com a participação da influenciadora Paris Hilton, da 11:11 Media.

4 – Ted Sarandos, co-CEO da Netflix:claro que o entretenimento, indústria que cresceu exponencialmente em relevância e oportunidades durante a pandemia, teria destaque na programação. Sarandos, que também é Content Chief Officer da Netflix, falará sobre o futuro desse mercado tão competitivo e cheio de novidades.

5 – Malala Yousafzai, ganhadora do Prêmio Nobel e co-fundadora do Fundo Malala: a ativista receberá o Cannes Lion Heart deste ano, que celebra pessoas que usam de sua posição para impactar de forma positiva a sociedade

Se você não estivar na Riviera Francesa este ano, é possível acompanhar online por meio do Lions Membership. A experiência digital é exclusiva para os membros e requer investimento em algum pacote: Team Membership (condições devem ser solicitadas por meio de um formulário), Lions Mmbership (€259 + taxas) e o Young Lions custa (€179 + taxas). Há ainda condições especiais para profissionais que já ganharam um Leão.

Cannes além do conteúdo

A concentração de debates e informações é importante, mas vale ressaltar que ela é uma parte do festival. Cannes vai muito além do conteúdo para mim. São as pessoas que você pode encontrar e as conversas que as vezes só acontecem ali.

Um desses “momentos Cannes” aconteceu quando conheci o Mark Zuckerberg e muito antes do IPO do Facebook. Ou quando tomei café com Martin Sorrell, ex-CEO do Grupo WPP e hoje à frente do S4 Capital. Após palestrar no Cannes Lions, ele deixou um e-mail para eventuais dúvidas. Mandei mensagem contando que eu tinha uma agência digital em crescimento no Brasil e ele me convidou para um café da manhã.

Outro exemplo disso aconteceu em um ônibus a caminho de um evento local. Conheci a Cris Duclos, hoje diretora de marketing da Dr. Consulta e uma das minhas melhores amigas na indústria. Cannes gera aprendizado, amizades e negócios.

Lembro esses momentos para reforçar como é importante se colocar diante de oportunidades e ser proativo. É preciso tentar. E em Cannes as pessoas estão abertas para conversar, trocar, aprender, criar. As conexões ficam mais fáceis.

Diante de tudo isso, avalio que a maior dica para aproveitar o Cannes Lions é: conheça pessoas, ouça, converse, aprenda com profissionais de diferentes nacionalidades e realidades. A parte de premiação pode ser vista online. As palestras também. Veja apresentações presenciais, claro. Apesar de não ter o mesmo volume de conteúdo simultâneo como o SXSW, vale pesquisar a programação e eleger seus conteúdos imperdíveis. Mas entre ver uma palestra e tomar um café, prefira o café.