Publicidade

Cannes Lions

20 A 24 DE JUNHO DE 2022


18 de junho de 2022 - 19h47

Ainda nem cheguei em Cannes e já comecei a viver a programação intensa, marcando as palestras que não posso perder e sofrendo com o que não vou conseguir acompanhar.

Prestes a completar 68 anos, o Cannes Lions Festival oferece a oportunidade única de mergulhar em infinitos assuntos ao mesmo tempo. É lá onde a indústria de comunicação celebra, discute e estuda o que há de mais contemporâneo.

Até aí, nenhuma novidade. O que me faz pensar é que em propaganda, quase tudo pode ser considerado estudo. Ninguém precisa ir à Cannes para se atualizar. Conferir o Trending Topics do Twitter, a lista de mais ouvidas do Spotify, fuçar o YouTube e o Vimeo ou simplesmente scrollar sua timeline do Instagram ou do TikTok, tudo isso é estudar comunicação. Com a vantagem de não pagar em Euro.

Então, porque década após década, as pessoas continuam indo até a Riviera Francesa? A resposta é bem simples: não existe experiência imersiva, tecnológica e tridimensional mais incrível do que viver.

Por mais mágico que seja experimentar um óculos de realidade virtual ou navegar pelo Decentraland, viver em corpo presente, ver com sua própria retina e tocar com sua própria pele, continua tendo um valor intangível. Não quero soar saudosista aqui, mas convenhamos, preciso justificar um voo de 15 horas até a França.

Não faltam estudos para comprovar que a retenção de conhecimento através de uma tela é consideravelmente menor do que presencial. Em Cannes, temos a chance única de dar um scroll na vida real, nos conectando com pessoas de toda parte, acessando os assuntos mais variados ou skipando aquilo que não é interessante. Tudo em tempo real e sem uma tela como interface.

É uma overdose de informações e experiências. Uma semana que renova nosso olhar e nos faz questionar uma infinidade de coisas. Certezas e dúvidas lado a lado, representando um sentimento constante pra quem trabalha em comunicação. Afinal, por mais que se estude, nossa profissão continua sendo guiada pelo que as pessoas sentem quando se deparam com uma ideia. E é impossível prever o que o consumidor irá sentir.

Conviver com a dúvida é a única certeza. Por mais confiantes que estejamos com um trabalho, o frio na barriga diz que não caímos na mesmice da previsibilidade. Não importa se você trabalha em marketing, agência ou veículo, a busca pela originalidade é desconfortável. E toda essa incerteza me faz pensar em Fernando Pessoa, que se fosse vivo talvez tivesse escrito: scrollar é preciso, viver não é preciso.

Publicidade

Compartilhe

Patrocínio