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Cannes Lions

20 A 24 DE JUNHO DE 2022


14 de junho de 2016 - 8h18

Talvez não exista nada mais inadequado que transferir suas inseguranças e aflições para os outros. É quase que uma tentação egoísta, mas não seria sincero o suficiente para suportar meu texto de abertura para o Diário de Cannes do Meio & Mensagem.

Voltar a Riviera Francesa na função de jurado carrega expectativas múltiplas e contraditórias mas já garante algo novo: é um privilégio o trabalho de pré júri . Introspectivo e solitário que acontece semanas antes da chegada dos delegados em Cannes.

Digerir os trabalhos do mundo todo inverte a lógica do festival: perceber a pluralidade de cases inscritos sem a curadoria de um terceiro traz uma perspectiva muito diferente da fotografia pasteurizada que os poucos dias emprestam aos participantes. A riqueza de projetos que claramente não serão premiados mas que carregam a verdade e a legitimidade de seu país de origem, o estágio de maturidade dos diferentes continentes e da hierarquia difusa de marcas pelo planeta não é algo que pauta o Festival de Criatividade mas nos torna profissionais mais serenos e honestos com os desafios da nossa profissão.

Sempre fui defensor de que nos erros se aprende mais que nos acertos. Irônico para um evento que valoriza exatamente o inverso (e não há motivo para ser diferente), mas no contraponto da vivência que muitos devem encontrar em palestras, workshops e cerimônias de premiação, vou tentar usar esse espaço para contribuir com o que não está disponível nessas frentes de contato. Quantos trabalhos que sequer atingem o shortlist não contribuem para nosso desenvolvimento profissional ? Não me parece uma diagnóstico precipitado.

Já que a rotina de um jurado é de cárcere (ainda que em regime semi aberto), encontrei uma frase de Nelson Mandela que resume minha recém chegada em Cannes após olhar o cenário:

“Não há nada como regressar a um lugar que está igual para descobrir o quanto a gente mudou.”

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