Cannes Lions
20 A 24 DE JUNHO DE 2022
20 A 24 DE JUNHO DE 2022
Elementos estão presentes nos três cases brasileiros finalistas em Glass, categorias que incentiva a diversidade e equidade de gênero
Bárbara Sacchitiello
13 de junho de 2018 - 12h49
A diversidade e a equidade de gênero são, atualmente, questões muito presentes nas áreas de premiação e conteúdo do Cannes Lions. Mas nem sempre foi assim. Refletindo a disparidade que ainda existe na indústria da comunicação (na qual a maior parte dos cargos de liderança e também das áreas criativas são ocupados por homens) as peças publicitárias, em sua maioria, reservaram à mulher posições estereotipadas e, raramente, traziam alguma reflexão a respeito da equidade de gênero.
Essa questão começou a mudar dentro do Festival a partir de 2015, quando a organização criou o Glass Lions, categoria para abrigar as campanhas publicitárias que abordem – e ajudem a promover a igualdade de gênero. A presença de Glass foi importante para que o Festival começa a abraçar a causa de forma mais intensa e, também, para que toda a indústria começava a ver a equidade como uma bandeira a ser levantada.
Desde então, diversos trabalhos de agências de todo o mundo foram premiados em Glass. O Brasil, até o momento, conquistou apenas um Leão na categoria. O troféu de Prata veio no ano passado, com o case “Meninas Fortes”, criado pela Ogilvy para o Nescau. A campanha incentivava a prática esportiva e a autoconfiança como elementos para a formação das meninas.
Neste ano, três agências brasileiras podem ampliar essa estatística. Das 27 peças selecionadas pelo júri de Glass para o shortlist de 2018, três foram criadas por agências do País e por anunciantes que acharem importante se envolver na causa e mostrar, de forma criativa, como a questão do respeito à mulher e da diversidade ainda precisam de debates. O anúncio dos vencedores de Glass será feito no último dia do festival, em 22 de junho.
Com #MyGameMyName”, a Africa e a Vivo aderiram à campanha da ONG norte-americana Wonder Women Tech ao convidarem jogadores de videogame a se conectarem na internet com nomes femininos para sentir o assédio e preconceito que elas passam nesse universo. O vídeo (abaixo) mostra como o fato de saber que do outro lado da tela está uma mulher abre caminho para homens praticarem assédio e outras formas de respeito, desestimulando, assim, a presença de mulheres no setor de games. A proposta da Africa e da Vivo é conduzir a uma reflexão sobre a construção de um ambiente menos hostil para as jogadoras. Veja:
Os outros dois cases finalistas têm a Coca-Cola como anunciante. No primeiro, a J. Walter Thompson aproveitou parte da experiência gerada pela Coca Fan Feat, promoção que uniu a marca de refrigerante ao universo musical brasileiro. A ideia inicial do projeto – que estampou rostos de oito nomes da música nacional – não era focada na diversidade, mas acabou tocando a causa ao escalar a drag queen Pabllo Vittar como uma das artistas. “Mexemos com as emoções das pessoas, seus conceitos e preconceitos. E isso é o que se espera de uma marca tão forte e capaz de falar com as pessoas como a nossa”, comenta Javier Rodriguez, vice-presidente de marketing da Coca-Cola Brasil. Veja o videocase abaixo:
O terceiro case finalista foi planejado especialmente para abordar a questão do respeito às mulheres. Criado pela Ogilvy, o projeto “The Dress for Respect”, criado para a linha Schwepps usou tecnologia para mostrar como a balada, ambiente que deveria ser de diversão e alegria, pode ser extremamente hostil às mulheres. “Usamos ferramentas para criar um vestido tecnológico capaz de detectar um vestido tecnológico capaz de detectar a pressão sofrida com toques indesejados e colocamos três garotas, em uma casa noturna, utilizando as peças. Ao compilar os dados, chegamos ao impressionante número de 147 toques sofridos pelas mulheres em menos de quatro horas. É um problema que precisa ser quantificado para que todos tenham ideia do quão grave é”, comenta Felix Dell Valle, diretor-geral de criação da Ogilvy Brasil.
Para aumentar a precisão do vestido, o criativo conta que a agência se dedicou a diversas pesquisas para aprimorar os sensores da peça de roupa, a fim de diferenciar os toques corriqueiros, resultantes de esbarrões naturais que acontecem em locais com muita concentração de pessoas a toques indesejados no corpo das mulheres. Veja a campanha abaixo:
Veja também
Veja as campanhas mais premiadas do mundo
Com menor acúmulo de Leões nas líderes do ranking do Festival de Cannes, case australiano "Palau Pledge", criado pelo brasileiro Gustavo Vampré, lidera lista global
A vida após o Grand Prix
Como os departamentos criativos de Africa e Grey lidam com a nova responsabilidade trazida com o reconhecimento no Cannes Lions