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Cannes Lions

20 A 24 DE JUNHO DE 2022


8 de junho de 2018 - 16h31

Já tive a chance de ser jurado no Cannes Lions. Adorei. Caí em um júri com uma enorme noção de sua responsabilidade, que buscou só premiar o que fosse realmente bom.

Nessa oportunidade, julguei cerca de 1.500 trabalhos inscritos na categoria de que participei, que resultaram em um shortlist de mais ou menos 145 peças, das quais premiamos 12 com ouro e, dentre eles, 1 com Grand Prix.

Como sou de humanas, arredondarei para 10% a seleção em cada uma dessas etapas. Um funil, dentro de outro, de mais um e mais um. Em outras categorias, esse mesmo funil é ainda mais estreito. No ano passado, em outdoor, uma das categorias mais competitivas, foram cerca de 4.600 inscrições para apenas 26 ouros.

O processo de julgamento do festival é um somatório de filtros que se revela duríssimo para o júri e igualmente difícil para quem quer o tão desejado metal.

Todos que conheço que já foram jurados e eu saímos esgotados do processo. É um trabalho coletivo, que não poupa nenhum dos indivíduos trancados na sala por tantos dias e horas.

Os profissionais de agências e marcas que nunca ganharam ouro – e acreditam que jamais ganharão – costumam taxar o festival de frívolo, de ser um exercício de vaidade inútil e desconectado da realidade.

Outros, que julgam que propaganda boa é só aquela que volta pra casa com o ouro, tendem a ter o festival como um dos únicos parâmetros de sucesso na profissão e se enfurecem quando o critério do júri não atende às suas expectativas e proclamam, exageradamente, o fim desse prêmio.

É muito difícil fazer propaganda boa e tendo a concordar com a média do festival: apenas 2% da propaganda feita ao redor do planeta é realmente interessante. Infelizmente. O mundo seria um lugar melhor se esse número subisse para 10%. Também é muito difícil ser o festival mais importante do ano, portanto, exigente, caro, assunto de debate e de ataques.

Propaganda é um ofício rigoroso e peculiar, e não consigo imaginar essa indústria sem a competição fomentada pelo Cannes Lions. Ele nos empurra para a frente e coloca luz em ideias boas que talvez passassem menosprezadas pelos profissionais, compreensivelmente, preocupados demais com dia a dia da relação cliente/agência e os quarters.

De uma maneira silenciosa, o Cannes Lions se tornou um espelho daquilo que o mercado valoriza e o motor de transformação dessa mesma indústria. Quando os grandes clientes globais entenderam isso, a partir de 2005, o festival aumentou sua influência.

A nova mídia não é boba e, nas duas últimas edições do Cannes Lions, o YouTube, o Google, o Twitter e o Facebook montaram estandes enormes com a própria agenda de palestrantes, almoços e festas.

Tem horas que eu amo o Cannes Lions. Tem horas que o odeio. Mas sempre serei grato por ele existir e por me receber como delegado.

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