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20 A 24 DE JUNHO DE 2022
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Adilson Xavier, CEO da Zola, aponta dois cases vencedores que trazem uma perspectiva “além das urgências imediatistas” e diz que o ganhador do Grand Prix “poderia ser um episódio de Black Mirror”
23 de junho de 2017 - 5h09
Por Adilson Xavier, CEO da Zola
Não é de hoje que o entretenimento se apresenta como a solução que todas as marcas buscam, a maioria ainda tímida, sem muita convicção, mas buscam. Mesmo no tradicional comercial de 30 segundos, se o conteúdo não for pautado pelo entretenimento, adeus. Nada mais óbvio num mundo em que o consumidor tem poder absoluto sobre os conteúdos que consome, e não tem nenhuma razão para perder seu tempo com mensagens que não o recompensem com algum tipo de prazer.
Mas estamos aqui pra falar do segmento propriamente dito, e vou me fixar em duas peças: “Beyond Money”, da MRM/McCann, de Madrid, para o banco Santander, e “Lo & Behold”, da Pereira & O’Dell NY, para a Netscout. Dois cases que merecem ser contemplados, numa perspectiva que vá além das urgências imediatistas.
“Beyond Money” ganhou o Grand Prix. Poderia ser um episódio de Black Mirror, a série que considero de maior impacto dentre as melhores dos últimos anos.
A sinopse é mais ou menos essa: Num futuro próximo, as experiências de vida podem ser vendidas e compradas. Uma mulher jovem e rica, casada com um empresário em dificuldades financeiras, começa a vender suas experiências de vida. Ela vai ao local apropriado, anota num caderno o que está vendendo, mas tudo desaparece de sua mente quando é vendido. Ela preserva seu poder de compra, mas diminui seu índice de felicidade. A questão que se coloca é o real valor do dinheiro quando comparado com as emoções que a vida nos oferece.
Dito assim pode parecer uma fábula ingênua. Mas construída com roteiro e produção de primeira linha, a história agarra nossa atenção e nos leva a refletir, deixando em seu rastro a imagem de um banco que enxerga mais longe.
“Lo & Behold”, além de ser da agência do querido PJ Pereira, trata do tema de maior relevância da contemporaneidade: como o online afeta nossa vida off-line.
Trata-se de um documentário, escrito e dirigido pelo consagrado Werner Herzog, onde todos os aspectos da convivência humana são considerados, inclusive a nova responsabilidade que recai sobre todos nós a partir do momento em que nos tornamos produtores de conteúdo com acesso irrestrito à mídia das redes sociais.
Integração e segurança ficam como recado predominante desse filme que teve sua première no Sundance Film Festival. Um projeto bold, sob medida para uma empresa que presta serviços de cyber-segurança, e que levou dois Ouros: um na categoria “Cinema & Theatrical Non-Fiction Film”, outro na categoria “Excellence in Audience Engagement or Distribution Strategy for Branded Content”.
Em tempos de presidentes que governam por twitter, interferência digital internacional nos resultados de eleições, conflitos e intrigas de todos os tipos nas redes sociais e ações de cyber-terrorismo, vale todo o ouro que recebeu.
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