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Cannes Lions

20 A 24 DE JUNHO DE 2022


23 de junho de 2017 - 12h49

A região sul da França possui um terroir reconhecido internacionalmente pela sua qualidade secular na produção de vinhos. Isso deve-se, em grande parte, aos poudingues, um terreno arenoso, compacto e com pedras arredondadas perfeitas para o cultivo de uvas. O clima nem muito quente nem muito frio, os ventos quem vêm da direção norte e sul e todas as demais questões envolvidas somadas resultam num vinho único e extremamente saboroso. Os moradores locais contam com orgulho que foi nesta região onde os romanos criaram pela primeira vez o vinho, que depois levaram para Itália e mundo afora.

É minha primeira vez nestas terras, especificamente em Cannes. Vim na posição de “cliente”, como me chamam por aqui. Participo do Cannes Lions Health junto à equipe da Havas Life, agência da Unimed Rio Preto, que represento como “delegate”. Minha primeira percepção é uma grande dúvida: o que provar? Estou diante de uma enorme adega e inúmeros rótulos para escolher mas, como a vida é feita de escolhas, tenho de selecionar apenas alguns rótulos. São cerca de três palestras super interessantes acontecendo ao mesmo tempo. Em qual ir?

Para resolver esta questão, fiz o óbvio. Chamei o sommelier Mauro Arruda, CEO da Havas Life, com alguns Leões no currículo e anos de participação em Cannes. E foi uma excelente pedida. Suas dicas não me diziam aonde ir, mas antecipava os sabores que cada escolha teria.

Comecei provando algo totalmente novo para meu paladar. Mike Massimino, astronauta norte-americano da NASA com um vasto currículo de missões espaciais, relatou em sua palestra “Fighting For Your Creative Life” os momentos de pressão em órbita, quando era necessário criatividade para realizar reparos ou corrigir algumas falhas. Mike sensibilizou a todos – ao mesmo tempo em que tirou gargalhadas –ao dizer “se eu errasse, iria para o espaço”. O segredo, para Mike, é a mistura de criatividade, determinação e persistência. Ingredientes importantes para o segmento de healthcare, ambiente de inúmeras regulações que levam a culpa por inibir a criatividade no segmento e tachá-lo de chato.

A degustação continua. Agora, o professor e médico Dr. Shafi Ahmed, da Medical Realities, quebra todo meu estereótipo de ensino da medicina presencial com salas de aula e laboratórios. Com o uso de realidade virtual, realidade aumentada, jogos e todas as redes sociais, o professor se utiliza de todas as tecnologias disponíveis para inovar no ensino médico, com o intuito de reduzir o custo de treinamento, alcançar um público mais amplo e proporcionar um ambiente de aprendizado completamente seguro para estudantes. Se eles podem fazer isto no ensino de medicina, imagine o que podemos?

Resolvo incluir algo conhecido no cardápio. Trabalho há 10 anos na área de saúde, e o tema “Selling Humour in Health: A Story of Data and Emotion” não me pareceu inusitado. Mas a palestra é do Andrew Mackenzie, head de marketing da maior operadora de saúde do EUA, então aqui estou eu. Andrew discursou com muita propriedade ao ilustrar um quadrante, dividido em alto risco e baixo risco. Falar de qualidade de vida, hábitos saudáveis, paixões e alguma outra cena que lembre um filme de margarina com uma família feliz, não apresenta risco, mas também traz baixo retorno. A recompensa no final do arco íris está em campanhas criativas que dialoguem com a sociedade. Confesso que foi muito bom ouvir isto, pois a Unimed Rio Preto competiu em Cannes com um projeto inovador de inclusão dos transgêneros, com o mote “o primeiro tratamento é o respeito”, da Havas Life. De forma resumida, demos o direito de incluir o nome social na carteirinha dos clientes transexuais e criamos um treinamento com certificação para que eles consigam um posto de trabalho, mas não foi desta vez levamos um leão. De qualquer forma, ver que estamos no caminho certo já nos deixa muito felizes.

Ainda dá tempo para quebrar alguns paradigmas. Durante o networking, muito rico no Festival, conheço Noel Castro, diretor de criação da Havas Metro, em Nova Iorque. Um japa muito simpático, educado e atencioso, diferente dos nova iorquinos estressados (digamos) que conheci como turista na cidade. Noel ainda me lançou um convite para, quando for a NY, avisá-lo para darmos uma volta. Este foi um vinho tipo reserva: não estava no menu.

O que achei da degustação? Adorei. Realmente, Cannes é um terreno fértil para todos os paladares, inclusive de clientes, que deveriam todos provar esse terroir único. Há quem diga que o Festival não se renova. Mas eu acho que quanto mais velho, melhor. Como todo bom vinho.

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