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Cannes Lions

20 A 24 DE JUNHO DE 2022

Martin Sorrell quer Cannes Lions fora de Cannes

CEO do Grupo WPP faz críticas ao modelo do Festival e sugere mudanças para que a celebração da criatividade continuem tendo relevância

Bárbara Sacchitiello
23 de junho de 2017 - 10h16

Martin Sorrell, fundador e CEO do WPP fez críticas ao atual modelo do Festival (Crédito: Eduardo Lopes)

A cidade de Cannes é o local mais adequado para receber o mais importante festival de criatividade do planeta? Martin Sorrell, fundador e CEO do grupo WPP, acha que não. “Não sei se Cannes, em junho, é a melhor época e lugar para esse Festival acontecer. Historicamente, o evento nasceu francês e logo se tornou europeu e, com o passar do tempo, passou a receber os anglo-saxões, os latino-americanos, os asiáticos, africanos e ganhou uma importância global. Então, não sei se é necessário que ele aconteça aqui, em Cannes. Há locações importantes em Nova York, Paris, Londres, Berlin e vários outros lugares”, ressaltou Sorrell, citando, também, São Paulo, Buenos Aires e Beijing como cidades importantes para a comunidade criativa global.

A crítica à sede do Festival foi apenas uma das que o CEO do WPP listou durante encontro com jornalistas que participam do Cannes Lions nesta sexta-feira, 23. Enfático, Sorrell disse que “Cannes tem um problema e que precisa mudar”, mas não deixou de reconhecer a importância do evento para as agências, anunciantes e players da indústria da comunicação.

“Embora não possa falar por todas as holdings de comunicação, tenho certeza de que todo mundo gosta de aproveitar o Festival e que sente orgulho por ganhar Leões e ver trabalhos reconhecidos aqui. O Cannes Lions é fundamental para a celebração da criatividade mundial e, por isso, sei que a organização reconhece que há problemas no Festival e que ouvirá agências e clientes sobre como tornar o evento diferente e melhor”, frisou Sorrell, em referência ao Comitê Consultivo que o Festival anunciou nesta sexta-feira, 23, para reavaliar seu formato e atuação junto à agências e anunciantes.

No ano passado, Sorrell já havia anunciado que o WPP reduziria sua participação em Cannes neste ano – o que inclui a inscrição de prêmios pra disputar Leões e também o envio de delegados ao Festival. Em conversa com os jornalistas, o executivo disse que as medidas foram cumpridas e que participar de Cannes é realmente “caro e trabalhoso”.

As críticas do líder do WPP aconteceram no dia seguinte ao anúncio do Publicis Groupe, que surpreendeu a indústria criativa global. Arthur Sadoun, que assumiu o posto de CEO do grupo francês no início de junho, declarou que a holding não vai mais inscrever trabalhos e nem participar do Cannes Lions e de nenhum outro grande festival internacional no próximo ano por questões de custos. A companhia declarou que irá direcionar os investimentos para o desenvolvimento de tecnologia digital.

Diferentemente do Publicis Groupe, no entanto, Sorrell declarou ser contra o boicote ao Festival. “Não acho que boicotar Cannes Lions seja uma boa saída. Muitos clientes querem estar aqui e o evento é importante para a criatividade global”, defendeu. Contudo, o fundador do WPP declarou que a duração do festival, cuja programação se estende por uma semana, e a própria quantidade de categorias tornou a participação das agências mais difícil e que isso deve ser analisado.

Por fim, Sorrell deixou claro que não pretende virar as costas para o maior festival internacional de criatividade do mundo, mas que espera que a organização considere que o tradicional evento de sete dias na Riviera Francesa pode não ser tão condizente com um cenário em que as agências e grandes holdings de comunicação possuem desafios cada vez maiores. “Temos que ver que nossa prioridade é mover a indústria tradicional para novos experimentos e realidades diferentes. Temos não apenas competidores que atuam em nosso mercado, como IPG, Publicis, Omnicom, como também Google e Facebook e as próprias empresas de consultoria e softwares, como IBM, Accenture, McKinsey…Tudo se tornou mais complexo”, declarou.

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