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Cannes Lions

20 A 24 DE JUNHO DE 2022


13 de junho de 2019 - 19h15

A resposta simples e direta é: crie uma campanha digital, pois você terá 80% mais probabilidade de ganhar leões. As chances são que ganhe 2,6 leões para ser preciso. Mas de onde eu tirei esses dados? Bom, agora que já capturei a sua atenção (assim espero), eu explico.

Eu tinha uma hipótese de que o Brasil ganhava muito mais leões com campanhas que não eram digitais ou tecnológicas. Não é à toa que o país tem a fama de ser o melhor em print e ter os melhores diretores de arte do mundo. Então, resolvi investigar.

Como Cannes mudou muito ao longo dos anos, sendo que no começo só havia uma categoria — filme –, uma análise histórica teria muitos desvios. Por isso, analisei apenas os leões de 2018. Foram 101 leões no total, o que me pareceu uma amostra bem razoável, além de mais atual.

Depois, dividi as campanhas em duas categorias: offline versus digitais. E analisei trabalho a trabalho para garantir que a classificação era justa. Por exemplo, o case de Tagwords, em que o Zoo trabalhou em parceria com Africa e Bud, apesar de ter ganho o Grand Prix de Print, é claramente um trabalho digital. Enquanto Stranger Broadcast da AKQA, prata em Entertainment, apesar de ser para Netflix, é claramente um case offline.

Não havia julgamento ou demérito. Apenas queria entender se ainda somos o país do print e do filme, ou se avançamos em uma outra direção. E o que descobri foi muito mais interessante do que uma simples confirmação ou negativa da minha hipótese. Vamos aos resultados.

Os 101 leões brasileiros vieram de 55 campanhas diferentes. Dessas, 18 campanhas eram digitais e envolviam o uso de tecnologia. Ou seja, apenas 32% do total. Só que essas mesmas 18 campanhas ganharam 47 leões, quase a metade do total! O grande insight dessa análise é que as campanhas digitais são 80% mais eficientes na “corrida” por leões. Enquanto as campanhas offline ganharam 1,4 leão na média, as digitais ganharam 2.6 leões.

Vendo esse resultado interessante, resolvi ignorar a premissa histórica que falei no começo do texto e analisei todos os Grand Prix que o Brasil já ganhou. Descobri que dos 11 que ganhamos, 7 era digitais e tecnológicos. Ou seja, 64% dos GPs brasileiros são digitais, enquanto 36% são offline. Mesmo a história das categorias favorecendo o lado offline.

Com tudo isso, apesar de o trabalho offline ainda ser maioria em termos de volume de prêmios, acredito que seria justo dizer que o melhor trabalho do Brasil é digital. Ganhamos mais leões e leões mais importantes quando apostamos na tecnologia e inovação. O que me deixa bem satisfeito, pois parece um ótimo argumento para que clientes e agências invistam mais nesse tipo de trabalho.

Pretendo repetir essa análise depois de Cannes 2019 e ver se a tendência se mantém. Se tivesse que apostar, apostaria que sim. E você?

 

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