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Cannes Lions

20 A 24 DE JUNHO DE 2022


23 de junho de 2022 - 12h36

Cannes em junho é uma festa! Dias lindos, vinho rosé gelado onipresente e um
monte de gente talentosa e feliz com seus leões. Impossível ver defeito em um
cenário de filme francês como esse, certo? Errado! As pessoas não enxergam
algo que basta ter olhos para ver: falta diversidade. A quantidade de pretos e
pretas, e também de mulheres que fazem parte do ‘creme de la creme’ desta
indústria (que é quem vem ao festival) é minúscula!

Claro que a cada ano esse cenário vai mudando, porém ainda é muito clara a
dominância de homens brancos na publicidade. Isso é um fato com raízes
históricas. A maior parte das agências foram fundadas por homens brancos,
pouquíssimos são os nomes de mulheres líderes de grandes grupos ou agências,
e pretos, praticamente ninguém. No Brasil, houve uma época em que nove entre
dez filhos de famílias de alta renda que escolhiam carreiras de Humanas iam
para a publicidade – pelo glamour e salários altos. Sim, o passado foi esse, mas
isso não significa que devemos reproduzir esse cenário.

A publicidade deveria ser um dos meios mais diversos, pois desenvolve produtos
que falam com todos, são consumidos por pessoas diversas, mas criados com o
viés de um tipo de pessoa e um tipo de pensamento. Por isso muitas vezes
erram. Raça, gênero e regionalidade ainda são estigmas gigantes presentes em
nosso dia a dia de trabalho e, infelizmente, ainda não vemos Cannes trazendo
mudanças efetivas para isso.

Na Mynd, quebramos essa dinâmica em 2017, quando fizemos a exigência de
ser uma agência que representa o Brasil, o brasileiro, e para que a gente
pudesse colocar em nosso dia a dia e nas campanhas a visão real que
representa o país. Com isso, possuímos mais de 50% de talentos negros, mais
de 60% de talentos LGBTQIAP+ e mais de 80% de mulheres, que chegam para
construir carreiras de sucesso. Ver negros como presidentes de júri, como, por
exemplo, Amani Duncan, CEO da BBH dos Estados Unidos, que presidiu o
Entertainment Lions for Music neste ano, é um cenário importante para, cada
vez mais, reforçarmos a necessidade de acelerar essa mudança.

A publicidade brasileira tem poucas mulheres negras em posições de comando e
fico feliz em ver que a Mynd é uma exceção: Day Carvalho, diretora de inovação
da Mynd, está aqui em Cannes em nossa delegação, que inclui também Júlio
Beltrão, diretor artístico, e o Preto Zezé, presidente da Cufa e um dos nossos
talentos convidados. A ideia é que nosso time no festival mantivesse a proporção
de pretos que temos em cada um dos departamentos da agência: 50%. Afinal,
se no Brasil 56% da população é preta, é justo que quem se comunica com essa
população conheça os seus valores, as suas dores e o que é considerado
relevante por mais da metade dos brasileiros.

Tive o prazer de me aproximar de mulheres negras em posições de comando
aqui em Cannes e fiquei feliz por ter tido a chance de conhecê-las e, agora, tê-
las comigo no dia a dia. Dilma Souza Campos, CEO da Outra Praia, um vulcão
inspirador e empreendedora nata; Heloisa Santana, presidente-executiva da
Ampro, que logo de cara já me convidou para se unir a eles e mostrar como
fizemos e fazemos da Mynd uma empresa diversa de verdade; e Patrícia Moura,
head de conteúdo da Gut, carioca acelerada que ama números como eu e quer
mudar o cenário da publicidade que temos hoje.

O que concluo ao final é que ainda temos muito a fazer, muito a atuar no
mercado e mostrar que, sim, é possível, é importante e impacta positivamente
nos negócios e nos resultados das campanhas. Além disso, com as pessoas se
sentindo representadas, ajudamos a construir uma sociedade com mais respeito
e incentivamos que elas possam ser vistas.

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