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Cannes Lions

20 A 24 DE JUNHO DE 2022


19 de junho de 2019 - 8h33

No meu segundo dia em Cannes foram tantos assuntos diferentes que eu me preocupo com o quão caleidoscópico pode ficar esse relato. Segura na mão de quem você quiser e tenta me acompanhar num passeio com gênios.

Da conversa com o professor de Harvard Steven Pinker ficou um pensamento principal: parte da habilidade criativa humana está em criar analogias onde aparentemente não há. E daí, esporadicamente surgem boas ideias (Esse texto tem um pouco dessa pretensão quixotesca). Sempre firme em suas convicções, Pinker eliminou algumas ilusões sobre até onde pode ir a inteligência artificial e reforçou a importância das habilidades humanas que as máquinas não substituirão, notadamente a criatividade.

O painel sobre o filme Roma, com seu Diretor, também trouxe a plateia para a realidade. Nesse caso para o ativismo em prol dos trabalhadores domésticos. Por traz do tema do filme desenvolveu-se uma onda política que pretende mudar as condições de vida de milhões de pessoas no México, nos EUA e em outros países. O filme intencionalmente se tornou a peça principal de propaganda na articulação do debate e criou o chamado “Efeito Roma”. Ai-jen Poo, diretora da Aliança de Trabalhadores Domésticos, ressaltou a impossibilidade de substituí-los por tecnologias: “Robôs não conseguem nem dobrar uma toalha”.

No talk “Hyper-Physical Revolution”, Thomas Heatherwick mostrou sua aposta na arquitetura como alternativa de ação. Desafiou as marcas a saírem do discurso e concretizarem espaços que mudem as cidades e mobilizem as pessoas de forma física. Seria também uma forma de devolver um tanto do equity que elas vêm emprestado de causas e propósitos, como vimos ontem.

Na sessão “Secret Speaker” a indústria foi desafiada a encarar uma realidade muito mais dura. O quanto o dinheiro de mídia digital financia indiretamente plataformas em prol da homofobia, racismo, xenofobia e outras tragédias humanas que as marcas tentam combater com discursos e ações de propósito. Anunciantes e agências foram chamados a não lavar as mãos. Um soco no estômago.

Então meu dia foi sobre isso. Sair dos conceitos e encontrar realidades. E, deixando o Palais, encontrei na rua com Steven Pinker, de quem sou fã há muito tempo. Por anos ele foi só o nome do autor do meu livro de cabeceira preferido (Tábula Rasa). E hoje tava ali, real. Não resisti e pedi uma selfie.

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