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Por que Marie Kondo tornou-se um fenômeno

A consultora japonesa, um dos destaques do primeiro dia de seminários em Cannes, comentou a evolução de sua carreira até virar best-seller e estrela da Netflix

Roseani Rocha
17 de junho de 2019 - 15h08

Marie Kondo: interesse por organização dos cinco anos de idade à graduação (Crédito: Roseani Rocha)

O próprio marido de Marie Kondo, Takumi Kawahara, que a conheceu quando ambos tinham seus 20 anos de idade, foi co-fundador e hoje é CEO da KonMari Media Inc. contou no palco do auditório Lumière nesta segunda-feira, 17, que não imaginava faxina e organização como um ramo de negócio. Bem-humorados, ambos falaram no painel Less Stuff, More Joy (algo como “Menos coisas, mais felicidade”).

Numa conversa moderada por Lynne Anne Davis, presidente e sócia da FleishmanHillard na região Ásia Pacífico, Marie contou que seu interesse por organização vem desde os cinco anos de idade. Aos 15, lia todos os livros que encontrava a respeito e tinha a mania de sair, por conta própria, organizando o quarto da irmã e, depois, até os das colegas de escola. Com 19 anos de idade, Marie Kondo já estava atuando como consultora. “Minha tese de graduação foi sobre o assunto. Vocês podem ver que eu sou uma fanática em limpeza”, afirmou com seu inglês pausado, tirando risos do público.

Na palestra, ela também repassou alguns dos passos de seu famoso método de organização, como arrumar as coisas por categoria e não localização. Primeiro, roupas (“Se pessoas percebessem o tanto de roupas que têm, ficariam chocadas”, comentou na palestra), depois livros, documentos e, no fim artigos sentimentais, que segundo ela são os mais difíceis de arrumar, logo, devem ser deixados por último.

Mas se Marie Kondo falasse somente sobre organização, provavelmente não teria tido o sucesso que conseguiu a partir de seu livro “The Life-Changing Magic of Tidying Up”. No seu método, está implícita também uma filosofia minimalista de vida – ela é japonesa, é bom lembrar – e o passo fundamental que ensina às pessoas é sempre começar uma organização separando aquilo que lhe traz alegria; a segunda etapa, claro, é desapegar do resto. Sem esquecer de agradecer àquela peça de roupa, livro ou o que seja pelo tempo que vocês foram felizes juntos. Ser respeitoso até com as coisas materiais da sua vida é outro ponto de sua cultura. E, por fim, com menos coisas em casa, a ideia é que se tenha mais espaço para aquilo que realmente traga felicidade, no trabalho e nos relacionamentos e, assim, abrir espaço até na mente para pensar sobre nós mesmos e nossas vidas.

Muita gente mundo afora abraçou a filosofia de Marie Kondo, o livro até o momento vendeu 11 milhões de cópias, em 42 idiomas, tendo passado mais de 100 semanas na lista dos mais vendidos do The New York Times. A KonMari tem milhares de seguidores em redes sociais. Depois disso, ela também caiu nas graças do mercado de mídia. Além de participar de centenas de programas nos Estados Unidos, Marie virou tema da série Ordem na Casa, da Netflix. O sucesso da série entre os americanos – conhecidos por seu consumismo – fez lugares que recebem produtos de segunda mão receberem uma avalanche de doações. A série é exibida, hoje, em 200 países. “O interessante sobre a Netflix foi poder escolher as famílias participantes e elas refletem uma audiência tão grande como a do serviço de streaming”, afirmou Takumi Kawahara. Na série, Marie ajuda a organizar casas de casais brancos e negros, jovens, com filhos pequenos; de casais mais velhos; de casais gays; e de uma viúva, que ainda precisa se desfazer das coisas do marido, entre outros perfis.

A moderadora do painel em Cannes, que trabalha sediada em Hong Kong, ressaltou que há diferenças entre organizar uma casa com espaços amplos, como nos Estados Unidos e espaços pequenos, como os de onde vive ou uma cidade como Tokyo. Mas Marie lembrou que cada espaço tem suas batalhas em torno de limpeza e organização. Tem quem aproveite, quanto maior a casa, para ter mais coisas. Logo, uma grande casa não significa que será mais organizada que um espaço pequeno.

E num mundo caótico como o que vivemos, seu método dá às pessoas mais sentimento de estar em controle? Marie acredita que ao limpar e organizar seus espaços, as pessoas de certa forma se libertam de uma pressão contemporânea: ter apego ao passado e ansiedade pelo futuro. “Se alguém usa o método, só fica com o que traz alegria e descobre seu centro de equilíbrio. Isso lhe traz autoconfiança”, disse.

Atendendo a demandas de seu público, ela está para lançar uma adaptação de seu método aos ambientes de trabalho. O livro “Joy at Work: The Career-Changing Magic of Tidying Up”, deverá estar nas prateleiras ou disponível para downloads em 2020.  A depender do sucesso do anterior, um novo best seller está a caminho.

Simpatia em forma de 1,43 m de pessoa, Marie Kondo repetiu no palco do Palais a famosa saudação que faz às casas aonde vai e deixou de lado a cerimônia japonesa para sentar-se à beira do palco do auditório, após a palestra, e atender os fãs que fizeram uma fila para levar de Cannes uma selfie com ela.

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