Cannes Lions
20 A 24 DE JUNHO DE 2022
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Embora Film Craft, Digital Craft e Industry Craf sejam voltadas à análise técnica da execução, júris premiam trabalhos que geram emoção
Bárbara Sacchitiello
21 de junho de 2018 - 6h18
Assim que o vencedor do Grand Prix de Film Craft terminou de ser exibido no telão da coletiva de imprensa da área, realizada nessa quarta-feira, 20, não foram poucas as pessoas que mostravam os olhos marejados. Também foi carregado de emoção na voz que o presidente de júri de Industry Craft, co-chief creative da Hakuhodo, descreveu a peça vencedora do Grand Prix da categoria – um cartaz que homenageava o boxeador Muhammad Ali. “Ao olhar esse anúncio é possível visualizar o Ali, sentir meus movimentos e até mesmo a vibração de seus passos e toda a emoção da luta”, declarou o presidente.
Emoção realmente foi a tônica das três categorias que compõem a divisão Craft, uma das nove áreas criadas pelo Cannes Lions neste ano para facilitar a divisão e análise dos trabalhos inscritos. Voltadas à análise de todo o aspecto técnico da execução das campanhas, os jurados de qualquer categoria de Craft acabam tendo que ficar atentos a outros aspectos que transpõem a ideia. Ainda que uma grande sacada apareça entre os inscritos, se ela não tiver uma execução que prima pela qualidade estética, equilíbrio e plasticidade técnica, dificilmente será premiada em Craft.Os jurados deste ano de Industry Craft, Film Craft e Digital Craf também levaram em conta esses elementos, mas foram atrás, também, de algo que fizesse todo esse respaldo técnico fazer sentido. Em Film Craft, por exemplo, o Grand Prix foi dado a um comercial do Comitê Internacional da Cruz Vermelha – feito pela Blur Producciones e pela Sra. Rushmore, ambas de Madrid – que conta a triste história de um pai que, em meio a uma zona de guerra, tenta encontrar um hospital para levar sua filha que grita de dor e desespero. Em meio às tentativas de distrair a criança daquela situação, o personagem revela no olhar e nos gestos o desespero ao ver que o hospital da cidade havia sido bombardeado por um ataque. Assista:
“Temos muito orgulho de não apenas temos concedido um Grand Prix a um filme tecnicamente perfeito, como também a algo que traz um apelo para um mundo melhor. Acho que essa também é nossa função em Cannes”, disse Diane McArter, fundadora e presidente da Furlined e presidente do júri de Film Craft. Único brasileiro a participar do grupo de jurados, Alberto Lopes, sócio da Vetor Zero, endossa o discurso de Diane. “A sensibilidade dessa peça é algo impactante. O texto do comercial, cada frase que o personagem diz à criança tem uma mensagem tão forte que realmente deixou os jurados tocados. Isso mostra que o Craft realmente precisa de excelência em produção, técnica e investimentos, mas que a centelha capaz de fazer a diferença entre tantos trabalhos perfeitos também vem da grande ideia”, analisa Lopes.
No caso do Grand Prix inspirado em Muhammad Ali, os jurados de Industry Craft também ficaram emocionados com a peça feita para a SC Johnson pela Ogilvy de Chicago que trazia uma mensagem sobre persistência sem mostrar nenhuma foto do grande atleta. A única “parte” de Ali presente na peça é o par de botas que ele utilizava, posicionado abaixo de um grande texto que exalta o início de sua carreira e a importância da persistência. Escolher uma peça impressa na primeira edição de Industry Craft (categoria criada para premiar os trabalhos que, independente do meio, revelem uma execução primorosa da ideia), o júri deixou uma mensagem importante. “Discutimos muito sobre aquilo que transmitiríamos com essa escolha e chegamos a conclusão de que a perfeição entre ideia e execução pode estar naquilo que é aparentemente simples, como um anuncio com foto e texto. Vimos excelentes trabalhos, que usavam recursos tecnológicos e que foram premiados por isso. Mas escolhemos esse Grand Prix por ele ser capaz de levar quem vê a peça à uma dimensão diferente”, explica Alessandra Sadock, diretora de criação da Artplan, que participou do Júri de Industry Craft. Veja:
Digital Craft escolheu como vencedor do Grand Prix um clipe musical recheado de efeitos tecnológicos. A peça, segundo o júri, traz um exemplo impecável de uso de realidade virtual e inteligência artificial. Mas foi o elemento emocional da música que deu força ao case. “Essa experiência musical tem o poder de arrepiar por conseguir nos colocar dentro daquele universo tecnológico do clipe. Durante a avaliação dos trabalhos vimos muitas ideias que tentam fazer uso de elementos digitais variadas apenas para ter a tecnologia, deixando a proposta em segundo plano. A tecnologia, por si, não é nada se não estiver aplicado a um storytelling e a um contexto interessante. E foi isso que buscamos no júri: elementos que dessem vida à tecnologia”, disse Saulo Rodrigues, diretor executivo de criação da R/GA e jurado da categoria. Veja o clipe vencedor do GP:
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