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Igualdade de gênero, um caminho sem volta

Enquanto mulheres conquistam posições no mundo dos negócios e na sociedade, conceitos tradicionais estão em xeque e pressionam marcas a encontrar um equilíbrio no discurso

Fernando Murad
19 de junho de 2018 - 6h27

Por séculos, os homens e o conceito de masculinidade deram as cartas na sociedade. No entanto, nas últimas décadas a ação das mulheres em busca da igualdade de gêneros está revolucionando as relações em todos os ambientes. Movimentos como #metoo (hashtag utilizada para declarar algum tipo de abuso ou assédio sofrido) e #timeup (contra o assédio sexual de Hollywood) são indicadores do declínio da influência do homem. O próprio conceito de masculinidade está sendo revisto.

“Existe um gap cada vez maior entre a ideologia e o comportamento. Os homens estão vivendo relacionamentos diferentes dos seus avôs. Têm um papel maior em casa. O que escuto nas empresas que visito é que os homens estão pisando em ovos e não sabem o que dizer. Digo a eles que as mulheres estão desconfortáveis há milênios”, afirma Michael Kimmel, sociólogo, líder de pesquisas sobre masculinidade e ativista do tema há 40 anos.

Apesar do avanço das discussões e do conceito mais disseminado de fluidez de gênero – o Facebook possui mais de 70 identificações de gênero, por exemplo –, os homens ainda têm as posições de poder no mundo. “Apenas 24 CEOs da lista das 500 maiores empresas da Fortune são mulheres. Há sexismo no trabalho o tempo todo. Apenas 2% das companhias são criadas por mulheres nos Estados Unidos. Minha empresa é financiada por investidores homens”, salienta Amy Nelson, fundadora da rede de coworking feminino The Riveter.

De acordo com Amy, para fazer a mudança, é preciso trabalhar juntos. “Não é assustador ter mulheres no comando”, ressalta. “As empresas mais igualitárias são mais lucrativas. Temos dados suficientes para dizer que é uma relação ganha-ganha. As ideias de masculinidade e feminilidade estão caminhando para um meio termo”, pondera Michael.

No passado, meninas eram ensinadas a gostar de bonecas e meninos, de esportes e ação. Era um comportamento controlado e pressionado. “Se você tiver medo de ser você mesmo, você não é masculino e nem feminino. Vivemos um tempo de mudança e isso tem a ver com tecnologia. A mídia nos afetava, mas nós é que estamos afetando a mídia”, ressalta Violet Chachki, drag queen, dançarina burlesca e modelo.

Essa mudança já pode ser vista na comunicação de algumas marcas. O desodorante Axe, por exemplo, deixou de explorar em suas campanhas o fictício poder de atração do produto sobre as mulheres para tratar de questões que afligem os adolescentes (veja os vídeos abaixo). “A Axe costumava mostrar o azarão, um cara que não era bonito, mas tinha algo especial. Nós percebemos que precisávamos de uma mudança”, disse Rik Strubel, vice-presidente global de Axe/Lynx, à Faith Popcorn’s BrainReserve.

A marca conversou com mais de três mil jovens homens de todo o mundo ao longo de 18 meses e o resultado mostrou que o jogo da conquista não tinha mais ressonância entre esse público. “Eles disseram que o jogo de namoro era sobre conexão mútua e que eles se sentiam mais pressionados do que nunca porque havia o estereótipo da masculinidade e os objetivos também crescentes de ser mais multifacetado: gentil, carinhoso e engraçado”, contou Rik.

“O primeiro anúncio era a forma antiga de vender, de oferecer uma compensação. No segundo, dentro do novo movimento de experiências, expressa como as pessoas são e fala mais com os jovens”, opina Michael.
Faith Popcorn, responsável pelo conteúdo do painel The Future of Masculinity, escreveu em 2000 o livro EVEolution, sobre como as mulheres iriam ascender e revolucionar a sociedade. “Como uma futurista, tenho que dizer, eu avisei. Sou apenas a mensageira e a mensagem é: mude ou morra”, projeta Faith.

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