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Cannes Lions

20 A 24 DE JUNHO DE 2022

Por que o júri de Pharma não dá Grand Prix?

Pelo segundo ano consecutivo, categoria não elege a 'big ideia' do ano; restrições e critérios explicam a decisão

Bárbara Sacchitiello
18 de junho de 2018 - 15h00

“Blink to Speak”, da TBWA\India, foi vencedora do Grand Prix for Good (Crédito: Reprodução)

O ápice da premiação de cada uma das categorias do Festival de Cannes acontece quando os membros do júri revelam a campanha vencedora do Grand Prix, que simboliza a melhor ideia dentre as melhores ideias inscritas naquela área. Embora não seja obrigatório, geralmente os membros do júri do Festival costumam eleger uma peça favorita, aquela que representa o melhor trabalho entre aqueles que disputam a categoria.

No caso de Pharma, categoria que integra o Lions Health, a situação têm sido diferente. Nas cinco edições em que a categoria está presente no Festival, apenas em duas o júri entregou Grand Prix (em 2015 e em 2016, para a Ogilvy de Londres e para a Digitas, dos Estados Unidos, respectivamente). Neste ano, a história se repetiu. Após uma avaliação de quatro dias, o júri distribuiu um total de 23 Leões (3 Ouros, 11 Pratas e 9 Bronzes). Entre essas peças está o troféu de Prata do Brasil (entregue à NBS pelo case “Stories in Inhale”, criado para a Clin Kids”). Mas nenhuma dessas peças, no entanto, foi merecedora do prêmio máximo da divisão.

Apesar da ausência de Grand Prix, o presidente da categoria, Rich Levy, CCO da FCB Health, declarou somente elogios aos trabalhos inscritos na categoria. “Temos muito orgulhos dos trabalhos que avaliamos, que demonstram uma grande evolução da indústria criativa e tinham grande qualidade de fotografia, filme, craft e inovação”, conta o criativo da FCB Health. Mas por que razão, então, o júri achou que nenhuma dessas peças merecia o Grand Prix?

“Porque não encontramos um trabalho que reunisse todas essas qualidades”, resume Levy. Segundo o presidente, o júri de Pharma é orientado a conceder Grand Prix às peças que tragam algo que possa mudar a vida das pessoas de forma criativa. Para a categoria, criada justamente para avaliar os trabalhos orientados à temática da saúde, essa poderosa ideia capaz de beneficiar as pessoas passa a ser o alvo do júri. E neste ano, segundo Levy, ela não apareceu. “Acreditamos que há uma grande evolução da indústria criativa de todo o mundo, mas não encontramos entre as peças premiadas alguma que aponte o futuro de Pharma e que indique uma transformação da criatividade do segmento”, resume.

O presidente de Pharma, no entanto, revela que uma peça cumpria todas as exigências do júri e que teria todas as características para faturar o Grand Prix: o trabalho “Blink to Speak” da TBWA\India para a Asha Ek Hope Foundation. Um fator, no entanto, impediu à entrega do prêmio: por ser uma campanha criada para uma fundação, a peça não pode disputar Grand Prix, seguindo uma regra instituída há anos pelo Festival. “Essa peça, sem dúvida, seria nosso Grand Prix, pois ela reúne todos os fatores necessários: uma grande ideia, uma execução perfeita e a possibilidade de gerar um impacto real na vida das pessoas. Infelizmente, as regras não permitiram escolhê-la”, lamenta. Confira, abaixo, o case:

O trabalho indiano, no entanto, não saiu perdendo no Lions Health. Além de um Leão de Ouro em Pharma, a peça recebeu o Grand Prix for Good, categoria especial criada, justamente, para celebrar os trabalhos desenvolvidos para Ongs e associações sem fins lucrativos. O casa da TBWA\India consistiu na criação de um alfabeto completo em que cada letra corresponde a um movimento dos olhos. A ideia é facilitar a comunicação de pessoas com diferentes tipos de paralisia a um custo baixo, uma vez que não demanda nenhum grande investimento tecnológico. A agência desenvolveu cartilhas com os desenhos dos movimentos dos olhos à famílias de pacientes portadores de diferentes doenças, na região de Mumbai.

Apesar de não ter entregue um Grand Prix na categoria, o presidente do júri de Pharma conta que sai do Festival neste ano com ótimas impressões. A mais importante delas, segundo ele, é ver a evolução da indústria de Pharma em todo o mundo. “Pela primeira vez colocamos no shortlist peças da Romênia e da Lituânia, por exemplo. É normal a gente sempre esperar por trabalhos bons dos Estados Unidos, Inglaterra e Brasil, que são países com muita tradição criativa. Mas fico muito feliz de ver uma melhor distribuição global de shortlists e prêmios”, elogia Levy. Entre os países premiados na categoria estão, além da Índia, Australia, Colombia, China, Argentina, Emirados Árabes, Estados Unidos, e Reino Unido.

A questão da ausência de Grand Prix em Pharma também se deve às particularidades da categoria. Por abrigar apenas trabalhos para marcas cujos produtos só podem ser comercializados sob prescrição médica, o leque de anunciantes que podem participar da divisão acaba sendo mais restrito. Em muitos casos, o público-alvo dos trabalhos de Pharma acaba sendo os médicos e profissionais de saúde e menos os consumidores comuns.

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