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20 A 24 DE JUNHO DE 2022


18 de junho de 2019 - 12h37

Sabendo que não é possível viver todas as histórias, um grande criador está sempre atento para ouvir ou observar o que os outros estão vivendo.

Woody Allen, por exemplo, frequentava lugares movimentados como restaurantes, pontos de ônibus e parques para saber o que as pessoas estavam falando e com isso, teve inspiração para criar muitas de suas histórias.

E a propaganda brasileira também bebeu, quer dizer, também ouviu muito dessa fonte. Nossa indústria soube, como poucas outras, se comunicar ouvindo histórias, identificando o que as pessoas estavam falando e o que elas queriam ouvir.

Não é raro encontrar depoimentos de importantes criativos brasileiros que ajudaram na construção da nossa propaganda na década de 80 e afirmam que frequentavam locais públicos por horas só para ouvir histórias que depois acabaram inspirando campanhas históricas.

Mas ouvi dizer por aí que o mundo mudou bastante, se digitalizou e as pessoas pararam de conversar em lugares públicos. E que todos agora andam mergulhados em suas redes sociais nas mesas de restaurantes, nos parques e dentro dos ônibus.

Eita, e agora Woody Allen?

Bom, até onde eu sei, isso não impediu que as histórias continuem sendo contadas. Só que agora elas estão nas nossas mãos, em diferentes formatos e num volume muito maior. São infinitas possibilidades, todas acontecendo ao mesmo tempo. E é preciso estar preparado para aprender a filtrar as histórias que surgem em cada tuíte, em cada comentário, em cada post no Facebook, Stories e trocas de mensagens no WhatsApp.

Milhares dessas histórias podem servir como fonte de inspiração para um meme ou para um roteirista de Hollywood.

E as marcas, o que têm a ver com isso? Tudo. Pois são dessas mesmas histórias que vão nascer os próximos produtos, os novos posicionamentos e, porque não, novas marcas.

Vai ser ouvindo o que todos estão dizendo que as marcas poderão participar dessas conversas. Mas é preciso ser rápido. Porque agora essas conversas têm prazo de validade e expiram mais rápido que o termo “viral”. Ou a gente entra rápido, ou espera a próxima rodada de bate-papo para falar.

E se antes você tinha muito tempo para criar em cima de algo que ouviu no banco da praça, agora o timing certo é seu melhor amigo. Contar piada fora do tempo não tem graça. Atrasar na hora de responder aos consumidores também não. É preciso estar atento, ser rápido e entrar no tom da conversa. Ou pedir para sair.

E tudo isso sabendo combinar diferentes possibilidades. As marcas podem ser irônicas, cômicas, sarcásticas. Elas podem arriscar mais. O público está pronto para isso. E, se por algum motivo, passar do ponto, assuma o erro e peça desculpas. Com a mesma coragem com que arriscou.

Sinta seu público. Ouça o que ele tem a dizer. Crie histórias com o que ele tem dito. E devolva algo surpreendente que eles queiram ouvir. É um ciclo de histórias que se retroalimentam.

É isso ou ninguém vai ouvir falar de você.

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