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Cannes Lions

20 A 24 DE JUNHO DE 2022


21 de junho de 2018 - 15h41

Está difícil avaliar o que efetivamente significa o Cannes Lions, Festival Internacional de Criatividade. Talvez “criatividade” vá além de arte e das soluções de comunicação para as marcas. As marcas disputam espaços nobres, aparecendo mais do que o proprio festival.

Num passado, não tão distante, vinhamos a Cannes para ver os melhores trabalhos, boas palestras e encontrar pessoas de todo o mundo. Tudo concentrado. As pessoas se encontravam naturalmente quase todos os dias, durante a semana. Muitos brasileiros vinham para cá com o propósito de encontrar brasileiros, especialmente, criativos, por vezes, inacessíveis no Brasil. Alguns poucos queriam encontrar estrangeiros e a grande maioria queria ver e assistir ao que o mundo produzia de melhor na publicidade, além de ganhar leões.

Em 2018, vemos um festival de marcas, cada um vendendo o seu “peixe”. Até os painéis e as palestras estão mais voltadas para falar de si mesmo. A impressão é que se perderam na curadoria. Claro, temos que reconhecer que algumas poucas, mas poderosas marcas, além de proporcionar espaço agradáveis de convivência, mantêm uma programação paralela de conteúdo. O espaço do Palais, seus auditórios, ficam competindo diretamemte com os espaços oferecidos pelas marcas.

Pelo visto, a ocupação das marcas neste ano foi mais que o dobro do anterior. Louvável seja. A presença delas é fundamental para nós publicitários, mas não necessariamente competindo com a programação do festival. As mudanças feitas neste ano precisam continuar evoluindo. O objetivo de manter o Palais como palco principal não foi atingido.

Percorremos o interior do Palais, paletras e muita ativação, mas onde estão os espacos para ver os filmes e os cases? Tudo o que os jurados estão julgando. Assistir às peças virou privilégio.

Ok, alguns dirão: “Tudo está na internet. Muitos de vocês já viram!”. Não é bem assim. Assistir ao lixo também é aprendizado. Aliás, o grande legado do Cannes Lions são os prêmios.

Continuam valorizando profissionais e agências, mas como podemos conhecer e ver o que não foi premiado, poder formar nosso senso crítico, julgar os julgadores.

Criatividade muda a vida, transforma o mundo, cria negócios, gera valores, aproxima as pessoas, emociona. Depende do ser humano, mas pode ou não usar tecnologia, pode ou não ser contemporânea. Criatividade é ideia, é a essência de estarmos aqui.

O editorial do festival não pode fazer concessões, senão vai virar uma feira e não será mais um Festival. A dosagem precisa ser melhor equilibrada.

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