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Cannes Lions

20 A 24 DE JUNHO DE 2022

Sobre o espírito do tempo e das marcas

Se as pessoas estão buscando pertencimento e significado, as marcas que não tiverem algo nesse sentido são descartáveis


20 de junho de 2018 - 10h36

Quando a gente pensa em Cannes, pensa em Rosè, sol e mar. Então, um dia que escuto a palavra solidão em 3 palestras absolutamente diferentes traz no mínimo um desconforto saudável.

Uma palestra que juntava um pastor, um professor de teologia, uma marqueteira e um editor da Vice tinha tudo pra ser um bom começo de piada, mas trouxe um tema pouco discutido: a crise de identidade que a nossa vida moderna traz e a busca por significado e pertencimento que todos temos. Uma pesquisa que a Vice apresentou mostra que 80% dos jovens acredita em algum poder cósmico e está buscando significado. A pegadinha? A busca não está na religião, como seria normal esperar, mas na música, nos esportes e em outras atividades. Uma das questões centrais do painel foi justamente como as marcas deveriam entender esse estado de espírito contemporâneo e se proporem a ter um papel mais relevante e verdadeiro.

Se tem uma lição, é a de que esse estilo “no boundaries and no commitements” parece não estar funcionando para as pessoas (maior doença da década é a solidão); e parece também não funcionar para as marcas.

Ter opinião, um ponto de vista e uma posição clara, vem aparecendo de alguma forma em todos os discursos. Mas olhando para essa realidade, parece ser fundamental. Se as pessoas estão buscando pertencimento e significado, as marcas que não tiverem algo nesse sentido são descartáveis. Por isso gostei bastante da ênfase da Ellen Pompeo (a famosa Meredith Grey de Grey’s Anatomy), falando que as marcas tem que ter, sim, um moral compass. Ter sua opinião e dizer de fato se acha algo certo ou errado. Racismo é errado sim, Net Neutrality é bacana sim, e a lista segue. O Burger King chamou isso de hackear a cultura. Por entender esse espírito do tempo, essa necessidade de fazer parte de algo e se colocar nessa posição, eles estão sempre se colocando na berlinda. E tem dado certo para eles.

Se colocar nesse lugar, porém, é também ser questionado, é assumir que muitas vezes se erra. As marcas não deveriam ter medo desse tipo de exposição. Porque é assim que vivemos hoje: nos expondo. E o mais importante dessa exposição é a noção que cada interação é uma oportunidade de aprendizado e evolução. É essa coragem, e ao mesmo tempo, vulnerabilidade, que nos conecta e tem o poder criar laços mais fortes entre marcas e pessoas.

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