20 de junho de 2017 - 9h12

Na propaganda existe a dupla de criação. Um diretor de arte parceiro de um redator. Eles pensam em conceitos que permeiam peças através de textos e artes gráficas. Essa combinação de talentos sempre me pareceu perfeita. Texto e forma num imprenso, num ponto de ônibus ou num filme. Porém, criatividade transcende técnicas e meios. Daí surge o digital há duas décadas demandando uma maneira diferente de criar. Mais do que uma peça estática, é preciso de pensamento mecânico, um sistema de reações em cadeia que interage com a audiência. Essa necessidade, na minha opinião, tem colocado grandes criativos de meios tradicionais frente a frente com seus limites, e tem dado oportunidade a gente brilhante que não domina especificamente redação ou comunicação visual.

Hoje fiz uma imersão na categoria Creative Data. Passei a manhã assistindo os cases e tentando entender os critérios que levaram à escolha dos finalistas. Percebi que aqui, a necessidade da capacidade criativa além de meios específicos é fundamental. Pra ser vitorioso tem que usar dados, tem que laçar o usuário e as audiências com uma lógica multidimensional. As vezes algumas ações me parecem meio pirotécnicas. São soluções em busca de problemas sem muita legitimidade, mas na maior parte dos casos já consigo identificar a boa e velha criatividade entregue por habilidades completamente novas.

Como designer frustrado que correu pro planejamento, fico feliz de ver esse tipo de trabalho. Penso que muita gente que curte criar, mas assim como eu não são lá essas coisas no photoshop ou redigindo, tem aqui um caminho nesta nova criação. UX? BI? Content? É por aí e vem muito mais. Eu confesso que gosto de traquitanas digitais sim. Elas expressam a busca pelos limites técnicos do ambiente interativo e tentam sempre estabelecer um sistema inteligente usando informações.

Creative Data é sinal de novas formas de criar, é sinal de que criativos precisam de um novo olhar e de que agências precisam de novos organogramas.