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Análise: É Cyber? Vai saber…

Eco Moliterno, CCO da Accenture Interactive, comenta os três Grand Prix concedidos pelo júri do Cyber Lions em 2017 – e os compara com os de alguns anos atrás


21 de junho de 2017 - 13h04

Eco Moliterno

Por Eco Moliterno, CCO da Accenture Interactive para a América Latina

Em 2009, quando fui o jurado brasileiro de Cyber, já se debatia se essa categoria deveria ou não ser mantida no festival. Afinal, como todos os meios estavam se digitalizando, muitos defendiam que não faria mais sentido chamar somente alguns trabalhos de “digitais”. Mas a categoria continua existindo até hoje e fui convidado pelo Meio & Mensagem para analisar os 3 Grand Prix desse ano. E, curiosamente, eles têm muita semelhança com os de 8 anos atrás.

Naquela edição, um trabalho australiano vinha arrebatando GP’s em quase todas as categorias e também levou um dos prêmios máximos em Cyber. “The Best Job in the World”, pra quem não se lembra, foi uma ação viral (ainda existia esse nome naquela época) que, para incentivar o turismo em Queensland, criou um emprego fictício como pretexto pra chamar atenção para as belezas naturais da região. E houve um enorme debate no júri se essa peça, apesar de ter sido massivamente divulgada pelas redes sociais, não seria mais de PR do que de Cyber.

Esse ano, uma outra peça australiana, que também vem fazendo bastante sucesso no festival, ganhou um dos GP’s de Cyber: “Meet Graham”. Criaram um ser humano fictício – o único que seria capaz de sobreviver a um acidente de carro – como pretexto pra chamar a atenção para os perigos de dirigir em alta velocidade. Um trabalho que também gerou um enorme buzz e – mesmo tendo um site super bem feito e usando novas tecnologias como o Tango (a ferramenta de realidade aumentada do Google) para as pessoas conseguirem enxergar através da sua réplica real nas exposições – pode parecer muito mais uma ação de PR do que de Cyber.

Em 2009, um outro trabalho, criado para Fiat, também levou o prêmio máximo da categoria. O ”Eco Drive” era basicamente um pen-drive que você espetava primeiro no seu carro, enquanto dirigia, e em seguida no seu computador para mostrar, através da análise dos dados coletados, um índice com a quantidade de carbono emitida pelo veículo e qual a melhor forma de dirigi-lo para minimizar o impacto no meio-ambiente. Esse Grand Prix foi, na minha opinião, o mais “Cyber” de todos porque, como ainda não existia a categoria “Creative Data”, era o único que não poderia ter sido inscrito em nenhuma outra. E, por isso, foi meu preferido na época – além, claro, de ter “Eco” no nome 😉

Esse ano a peça “Åland Index”, vencedora do outro GP, é uma evolução disso. Agora, em vez de uma fabricante de carros, foi um banco sueco que lançou um cartão de crédito biodegradável com um índice que mede, através do cruzamento de vários dados, o impacto ambiental de todas as transações que você faz e ainda mostra como é possível revertê-las em prol da despoluição do Mar Báltico – seja por doações ou pela própria mudança de comportamento. E pra mim, de novo, é o GP que melhor representa essa categoria.

Por último, dois trabalhos ganhadores que, apesar da terem alguns anos de diferença entre eles, também carregam algumas semelhanças: ambos foram criados nos EUA, usam conteúdos bastante “instigantes” e seus nomes são em forma de perguntas. “Why So Serious?”, que ganhou em 2009, foi uma ação transmídia para divulgar o filme do Batman e fez com que milhares de pessoas buscassem as pistas do Coringa no Google e em vários outros ambientes reais e virtuais. “Did you mean MailChimp?”, que ganhou esse ano, é uma campanha que transformou em curtas-metragem para o YouTube as formas equivocadas com quem as pessoas buscam no Google o nome da empresa (como, por exemplo, o vídeo “MailShrimp” com um sanduíche de camarão cantando uma música). Além disso, ambos fizeram uso do humor – o primeiro mais sarcástico, o segundo mais surreal – e utilizaram de maneira muito inteligente a forma como as pessoas fazem buscas.

E assim a categoria Cyber segue em busca do seu verdadeiro significado desde 2009.

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