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“Marcas se esquecem da música até precisarem dela”

Simon Le Bon, vocalista do Duran Duran, compartilha um pouco da rotina de seu outro trabalho como sócio da agência Syn Music

Isabella Lessa
17 de junho de 2017 - 8h26

Simon Le Bon, frontman do Duran Duran e sócio da Syn Music (Crédito: Edu Lopes)

Líder do New Romantic – movimento musical que é uma das vertentes da New Wave – o Duran Duran marcou os anos 1980 ao combinar sintetizadores, fortes linhas de baixo e letras-chiclete a clipes inspirados nos filmes de Sergio Leone e clássicos futuristas como Barbarella.

Três décadas mais tarde, Simon Le Bon, vocalista da banda de Birmingham, na Inglaterra, recorda-se sobre a importância da estética dos clipes e do vídeo em si para estabelecer uma comunicação de impacto junto àquela geração que os catapultou ao panteão dos maiores grupos de pop daquela década, e que continua capaz de atrair multidões nos dias de hoje, como na última edição do Lollapalooza em São Paulo.

No auditório Debussy na manhã deste sábado, 17, o músico refletiu sobre como o vídeo, que hoje reafirma sua importância dentro de uma variedade maior de formatos, é um poderoso storytelling quando atrelado a um elemento igualmente crucial: a música. Nick Wood, fundador da Syn Music ao lado de Le Bon, agência que já produziu trilhas sonoras para marcas como CNN, Dove e Mercedes-Benz, disse à Edith Bowman, apresentadora da Virgin Radio UK, que a trilha sonora ainda é muitas vezes adicionada somente no final da campanha, diminuindo o potencial da peça como um todo. “A música é algo complexo e é compreensível que esse fator dificulte sua inserção no começo do processo de criação, mas é algo em que as marcas e agências deveriam pensar a respeito”, aconselha. Simon Le Bon alfineta mais: “As marcas e agências se esquecem da música até precisarem dela”.

Os três escritórios da Syn Music, localizados nas cidades de Tóquio, Los Angeles e Beijing (este último trabalha muito em parceria com a BBDO local, segundo Wood) trabalham de maneira colaborativa sem que os respectivos times precisem ser deslocados – a tecnologia permite que as camadas de uma música sejam criadas, rearranjadas e complementadas, para que no final soe como se tivesse sido executada em um só estúdio. Foi assim que a agência criou a trilha de “Why We Go”, filme da CNN que mostra a dimensão da cobertura da emissora ao redor do mundo: o time compôs a canção para o comercial, rodado em Los Angeles, e o maestro Todd Hayen orquestrou a música em Toronto. Em seguida, uma orquestra da Macedônia formada por 40 pessoas tocou a música enquanto as equipes da agência assistiam remotamente das três cidades. “A canção é parte fundamental do storytelling. Muitas vezes, é capaz de salvar uma campanha”, disse Wood.

De acordo com Le Bon, essa mistura de culturas e o trabalho colaborativo entre as partes faz a “mágica da música” acontecer tanto na publicidade, quanto em uma banda. “Vivências diferentes são capazes de trazer um novo olhar e nisso, por isso precisa haver colaboração”, diz. Para o Duran Duran, a colaboração recente com músicos norte-americanos, como John Frusciante, ex-guitarrista do Red Hot Chilli Peppers, e a cantora Janelle Monae, foi fundamental para a reinvenção da sonoridade do grupo.

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